chamo à lembrança as coisas que passaram
choro o que em vão busquei e me sustento
gastando o tempo em penas que ficaram
e afogo os olhos (pouco afins ao pranto)
por amigos que a morte em treva esconde
e choro a dor de amar cerrada há tanto
e a visão que se foi e não responde
e então me enlutam lutos já passados,
me falam desventura e desventura,
lamentos tristemente lamentados
pago o que já paguei e com usura
mas basta em ti pensar, amigo, e assim
têm cura as perdas e as tristezas fim
shakespeare (trad. vasco graça moura)
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when to the sessions of sweet silent thought
i summon up remembrance of things past,
i sigh the lack of many a thing I sought,
and with old woes new wail my dear time's waste:
then can I drown an eye, unus'd to flow,
for precious friends hid in death's dateless night,
and weep afresh love's long since cancell'd woe,
and moan th' expense of many a vanish'd sight;
then can I grieve at grievances foregone,
and heavily from woe to woe tell o'er
the sad account of fore-bemoaned moan,
which I new pay as if not paid before.
but if the while I think on thee, dear friend,
all losses are restor'd, and sorrows end.