29/09/2013

os olhos de kiarostami



no nosso dia a dia apercebemo-nos dos estados pelos quais vamos passando, não do espaço onde estes ocorrem, trazemos a tónica às nossa personalidades pouco pressentindo do que é impensável, indiscernível, inapreendível

a atenção pura, sem representações, é o espaço, a totalidade, é o que somos: tudo o que aí aparece se referencia inevitavelmente a esse fundo sem forma

a observação não profanada pelo eu não tem direcção, é virgem, expande-se e converte-se em inteligência englobante de toda a nossa sensibilidade

essa totalidade é compreensão integral

a visão é acção

acção e atenção que não são interiores nem exteriores, nem centro nem periferia, conhecem-se a si próprias quando a investigação se faz sem investigador, apenas pela constatação do que surge, são transformação: acolher e escutar sem nomear, sem qualificar, acarreta uma reorquestração imediata das energias que constituem o ser


jean klein, uma lição

(trad/adapt nc)

(foto: abbas kiarostami: five)