17/01/2014

no tempo dividido




como é estranha a minha liberdade
as coisas deixam-me passar
abrem alas de vazio pra que eu passe
como é estranho viver sem alimento
sem que nada em nós precise ou gaste
como é estranho não saber

não procures verdade no que sabes
nem destino procures nos teus gestos
tudo quanto acontece é solitário
fora de saber fora das leis
dentro de um ritmo cego inumerável
onde nunca foi dito nenhum nome

sophia de mello breyner 

(no tempo dividido)