05/02/2014
oráculo perpétuo 2
amo as horas escuras do meu ser
em que se aprofundam os meus sentidos;
nelas, como em certas cartas antigas se pode ler,
encontrei meus dias já vividos
e como lenda longínqua a desaparecer
delas fico a saber que tenho espaço, afinal,
para uma segunda vida, vasta e intemporal.
e por vezes sou como a árvore ampla
que, madura e murmurante, por cima de uma campa,
realiza o sonho que o rapaz de outrora
(em redor do qual se apertam raízes calorosas agora)
em tristezas e cantares deitou fora
r. m. rilke - o livro de horas
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